Setores conservadores da Igreja, como a
Opus Dei, ensaiam reação às ideias do pontífice.
Por Francesco Peloso
Desde o início, o Opus Dei apoiou o novo percurso do papa
Francisco: a crise na Igreja e, em particular, da Cúria Romana eram por demais
evidentes; a reviravolta considerada necessária por muitos; e a maioria que
defendia no conclave uma mudança radical tornavam-se amplas.
Assim, ao longo desses primeiros 12 meses, a Companhia de Jesus
e a Obra fundada por Josemaria Escrivá de Balaguer se encontraram, embora à
distância, unidas na mesma obra depois de serem, por muito tempo, adversários
irredutíveis.
Mas agora, algo está mudando: de fato, o papa, além de reforma
da Cúria vaticana, de uma ação de transparência financeira levada adiante com
uma certa decisão e da promoção de um modelo de Igreja mais austero e atento às
necessidades das pessoas, deixou claro que pretende também proceder profundas
modificações no magistério sobre temas delicados como os da família.
Mas Francisco foi ainda mais longe, assumindo de peito aberto as
temáticas econômicas e sociais. As suas críticas ao modelo capitalista
expressadas no documento Evangelii gaudium provocaram fortes reações dos think
tanks conservadores do exterior, da direita católica norte-americana nostálgica
do wojtylianismo, do Tea Party e daquela parte da imprensa que apoia a
inoxidabilidade da religião neoliberal apesar da crise.