REGIONAL NOROESTE
DA CNBB
Cruzeiro do Sul, Guajará-Mirim,
Humaitá,
Ji-Paraná, Lábrea, Porto Velho e Rio
Branco.
Tel.Fax
nº (069) 3229-6125/3229-6714
Av.
Pinheiro Machado, 1200 – CP nº 104 - CEP 76801 - 128 – Porto Velho – RO.
Nota do Regional Noroeste da CNBB
Os
Bispos do Regional Noroeste (Acre, Rondônia e sul do Amazonas), reunidos em
Cruzeiro do Sul, partilhamos nossas experiências e preocupações neste momento
difícil para nossas dioceses e todo o povo.
A
enchente histórica de 2014 que inundou centenas de comunidades ribeirinhas e
urbanas, expulsando milhares de famílias e submergindo inúmeras plantações à beira
do Rio Madeira trouxe muito sofrimento.
Sabemos
que catástrofes naturais ameaçam a vida no nosso planeta desde o princípio. A
terra é um planeta vivo que se reconfigura continuamente. No entanto,
acreditamos que há novos fatores como o aquecimento global que acelera o
descongelamento das geleiras das montanhas, desmatamentos e processos erosivos
no solo, a formação de represas para geração de energia elétrica.
As
águas abundantes que descem das montanhas da Bolívia e do Peru aumentaram
consideravelmente os reservatórios das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo
Antônio. A construção dessas duas obras no Alto Rio Madeira, além de sofrer um
atraso de mais de um ano, segundo especialistas, apresenta erros no estudo de
impacto ambiental. A inundação das BRs 364 e 425 isolou o Estado do Acre, a
região de Guajará-Mirim e toda a área do Abunã. O difícil abastecimento de suas
populações, com combustíveis e alimentos, mostra a urgência de novos estudos.
Sem
desconsiderar o esforço do governo para oferecer à população do País energia
elétrica de qualidade, lamentamos a falta de cuidado com os estudos de impacto
ambiental que, por sinal, não contemplaram o médio e o Baixo Madeira. A falta
de interesse em fontes alternativas de energia, tais como a solar, eólica e de
bio-massa, abundantes no Brasil, nos faz questionar: Por que?
Manifestamos
apoio à ação civil pública que tramita perante a Justiça Federal de Porto Velho
relativamente ao seu propósito de atender as necessidades básicas (moradia,
alimentação, transporte, educação e saúde) da população atingida pela enchente
do Rio Madeira.
Solicitamos
com insistência às autoridades competentes uma nova e criteriosa investigação
técnica das construções e dos impactos ambientais e sociais. Que ela seja feita
por profissionais especialistas e independentes. Precisamos fazer o possível
para evitar ou minorar as consequências das catástrofes que põem em perigo a
vida e os bens das populações da cidade de Porto Velho, do Vale do Rio Madeira,
do Acre e regiões adjacentes.
Nesse
momento, urgimos junto aos poderes públicos que deem a devida assistência às
famílias flageladas da área urbana e rural para que possam recuperar suas
casas, visto que o direito à moradia é um direito constitucional. Compete ainda
ao Governo adotar medidas que facilitem o acesso a créditos com tempo de
carência e juros baixos, bem como fornecer orientação técnica a fim de que as
famílias possam reorganizar os seus
meios de sobrevivência. Acrescenta-se ainda a necessidade de socorrer as
pessoas e famílias flageladas com um ‘salário emergencial’.
Toda
a sociedade e, ainda mais os Cristãos, estamos sendo desafiados a solidarizar-nos
ainda mais com as famílias sofridas. De mãos dadas para
rezar, partilhar e reconstruir, poderemos crescer humana e espiritualmente. As
perdas se transformarão em ganho e a dor em alegria. Já estamos experimentando
a força da fé e da caridade que são a essência da vida humana. “A esperança não
decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações” (Rm 5,5).
Cruzeiro
do Sul, 29 de março de 2014. Regional Noroeste da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB).
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