12/11/2015

Nota da Conferência da Família Franciscana do Brasil - CFFB

“Quando se propõe uma visão da natureza unicamente  
como objeto de lucro e interesse,  
isso comporta graves consequências  
também para a sociedade.” 
Papa Francisco , Laudato Si’ (82) 

A Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) se solidariza com as famílias atingidas pela tragédia provocada pela empresa Vale/BHP Billiton (Samarco), com o rompimento de suas barragens Fundão e Santarém.  
Somos uma só família humana, uma fraternidade universal. Oferecemos nossas preces pelos que perderam sua vida, pelos desaparecidos e pelos desabrigados. A fé e a esperança cristã confortem a todos na reconstrução de suas vidas, de seus bens e na luta pela dignidade e direitos.  
Temos acompanhado em várias regiões do Brasil os impactos e violações de direitos humanos, cometidos pelas mineradoras na busca insaciável de lucro. Nossa consciência é de que não estamos diante de um acidente, mas de um crime contra a vida humana e a natureza. Os impactos são imensuráveis, e se estendem por dois estados brasileiros.  
Àqueles que têm a responsabilidade política de governo lembramos, neste momento, as palavras do Papa Francisco na Encíclica Laudato Si’: «a política não deve submeter-se à economia» e esta não deve submeter-se à tecnocracia. 
O Papa Francisco insiste no desenvolvimento de processos de tomada de decisões justas e transparentes, a fim de "discernir" quais políticas e iniciativas de negócios levam "a um desenvolvimento integral real" (185). O Papa afirma ainda que a previsão do impacto ambiental dos empreendimentos e projetos requer processos políticos transparentes e sujeitos a diálogo, enquanto a corrupção, que esconde o verdadeiro impacto ambiental dum projeto em troca de favores, frequentemente leva a acordos ambíguos que fogem ao dever de informar e a um debate profundo”. (182) 
Solicitamos que o ministério público, o governo e os órgãos competentes sejam ágeis e transparentes na apuração dos fatos e na realização da justiça socioambiental. 

Brasília, 11 de novembro de 2015 
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Conselho Diretor da CFFB 

08/11/2015

Encontro vocacional


Nós,Irmãs Franciscanas do Apostolado Paroquial com alegria acolhemos as jovens Morgana, Francielle, Maria Eugênia e Isabeli Grassi. Estamos fazendo a experiência de um bonito encontro que marca mais um passo na caminhada de cada uma, a busca por respostas para melhor vivermos nossa vocação. Pedimos que cada uma e cada um de vocês rezem em sintonia conosco.
Que o Bom Deus nos abençoe, nos dê coragem e perseverança. Santa Clara e São Francisco nos ilumine.



                                                                       Paz e bem.

07/11/2015

Irmão sol, irmã lua

Irmão sol

Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis, foi um frade católico da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e boêmia, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo estavam mais ligados aos mosteiros rurais, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença.


Irmã lua

No Domingo de Ramos de 1212, uma nobre senhora, chamada Clara de Favarone (hoje conhecida por Santa Clara ou Clara de Assis), foi procurar Francisco para abraçar a vida de pobreza. Alguns dias depois, Inês, sua irmã, segue-lhe o caminho. Surge a Fraternidade das Pobres Damas, uma das três ordens ligadas a São Francisco.


Influência sufi
A atmosfera e organização da Ordem franciscana é mais parecida com os Dervixes (Ordem sufi) que qualquer outra coisa. Além dos contos sobre Francisco serem muito parecidos com os dos professores sufis, todos os tipos de pontos coincidem. Como os sufis, os franciscanos não se preocupam com sua salvação pessoal (considerado uma vaidade). Francisco iniciava suas pregações com a frase “Que a paz de Deus esteja com você”, que ele disse ter recebido de Deus, mas que era (obviamente) uma saudação árabe. Até a roupa, com seu capote coberto e mangas largas, é a mesma dos dervixes de Marrocos e da Espanha, por onde Francisco se aventurou em 1212, plena época das cruzadas, dedicando-se a tentar converter os Sarracenos pela não-violência. O próprio nome da Ordem, “Fraternidade dos Irmãos Menores”, pressupõe haver os Irmãos maiores, e os únicos com esse nome na época eram os “Grandes Irmãos”, uma Ordem sufi fundada por Najmuddin Kubra, “o Grande”. As conexões impressionam. Uma das maiores características deste grande sufi era sua misteriosa influência sobre os animais; Desenhos o mostram cercado de pássaros; Ele amansou um cachorro feroz apenas olhando para ele (exatamente como Francisco fez com um lobo). Todas essas histórias eram conhecidas no ocidente 60 anos antes de Fracisco nascer.


A música se canta assim...Se você quiser ver seu sonho se realizarnão tenha pressa, vá devagarfaça poucas coisas, mas faça-as bemo que vem do coração cresce purose quiser viver livrenão tenha pressa, vá devagarfaça poucas coisas, mas faça-as bemo que vem do coração cresce purodia após diapedra sobre pedraconstrua seu segredo devagardia após diavocê também cresceráe conhecerá a glória celeste



LAUDATO SI (II)

Prosseguindo em nossas reflexões sobre essa fundamental Carta Encíclica do Papa Francisco, seu Capítulo I aborda: “o que está acontecendo com nossa casa”.    
Marcando que nosso tempo é tempo aceleradorapidación é o termo em espanhol de que se vale Francisco  diz, com propriedade, o Papa:  
“... os objetivos desta mudança rápida e constante não estão necessariamente orientados para o bem comum e para um desenvolvimento humano sustentável e integral. A mudança é algo desejável, mas torna-se preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida de grande parte da humanidade”. (LS nº 19  pg. 17/18).    
A exasperação tecnológico-financeira arvora-se na solução única dos problemas.  
Ledo engano porque esse comportar-se reducionista e unilateral menospreza a compreensão da pluralidade, da interação das múltiplas e variadas relações, que só no encontro do que é diverso propicia o sentir e conhecer a harmonia a que a nossa casa, verdadeiramente, se faça a casa comum.    
Diz bem Francisco:  
“Produzem-se anualmente centenas de milhões de toneladas de resíduos, muitos deles não biodegradáveis: resíduos domésticos e comerciais, detritos de demolições, resíduos clínicos, eletrônicos e industriais, resíduos altamente tóxicos e radioativos. A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”. (LS nº 21  pg. 19).  
A ótica da quantidade desproporcional, pretensamente justificada pela acessibilidade para tantas e tantos, efetivamente mascara o desejo voraz de produzir e consumir incessantemente de modo que tudo conflua para essa espiral de troca contínua de coisas, e assim também todos nós nos coisificamos, naturalmente.  
Elucidativa passagem do Papa Francisco, a propósito:  
“Mas, contemplando o mundo, damo-nos conta de que este nível de intervenção humana, muitas vezes a serviço do sistema financeiro e do consumismo, faz com que essa terra onde vivemos se torne realmente menos rica e bela, cada vez mais limitada e cinzenta, enquanto ao mesmo tempo o desenvolvimento da tecnologia e das ofertas de consumo continua a avançar sem limite. Assim, parece que nos iludimos de poder substituir uma beleza irreparável e irrecuperável por outra criada por nós.” (LS nº 34  pg. 30).    
A intensa massificação não pode significar o aniquilamento do eu; não pode significar a perda da identidade pessoal, cultural, religiosa.    
O discurso de São Paulo, no Areópago ateniense, manifestando o Deus-Amor como princípio e fim de todos e de tudo  “tendo estabelecido o ritmo dos tempos e os limites de sua (= da espécie humana) habitação (Atos dos Apóstolos 17, 26)  enfatiza a plena comunhão na formação do nós a partir e como fruto do existir de cada qual. Diz, então, São Paulo:  
“Assim se fez para que buscassem a Deus e, talvez às apalpadelas, o encontrassem a ele que, na realidade, não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, nos movemos e existimos como disseram alguns dentre vossos poetas”. (Atos dos Apóstolos 17, 27-28).  
Francisco, também:  
“Visto, que todas as criaturas estão interligadas, deve ser reconhecido com carinho e admiração o valor de cada uma, e todos nós, seres criados, precisamos uns dos outros. (LS nº 42  pg. 34).  
Sou, para que todos sejamos.  
Não podemos aceitar que nos considerem como números, que nos manipulem, que nos tenham como massa de manobra.   
O Papa Francisco ensina-nos em trecho tão marcante e perfeito da “Laudato Si”:  
“A isto vem juntar-se as dinâmicas dos mass mediae do mundo digital, que, quando se tornam onipresentes, não favorecem o desenvolvimento de uma capacidade de viver com sabedoria, pensar em profundidade, amar com generosidade. Neste contexto, os grandes sábios do passado correriam o risco de ver sufocada a sua sabedoria no meio do ruído dispersivo da informação. Isto exige de nós um esforço para que esses meios se traduzam em um novo desenvolvimento cultural da humanidade, e não em uma deterioração da sua riqueza mais profunda. A verdadeira sabedoria, fruto da reflexão, do diálogo e do encontro generoso entre as pessoas, não se adquire com uma mera acumulação de dados, que, em uma espécie de poluição mental, acabam por saturar e confundir. (EG nº 47  pg. 36/37).    
O arremate, como o ponto central desse Capítulo I da Carta Encíclica “Laudato Si”, está  em que não se pode dissociar da abordagem ecológica a abordagem social.   
“Mas, hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres. (LS nº 49  pg. 39).    
E o Papa Francisco apresenta o testemunho dos bispos da Patagônia-Comahue, testemunho veraz e concreto, que retrata cenário eloquente nas áreas subdesenvolvidas, ou em desenvolvimento, no mundo inteiro: